terça-feira, 8 de abril de 2008

Equilíbrio


A mais tenaz felicidade: o equilíbrio.
Levar a paz do tempo.
Gozar o sabor doce, a revolução da felicidade.
Apreender na tristeza o som da dor: viver.
Caminhar sobre as águas. Continuar no frio, tornando milagre o equilíbrio.
Sentir a calidez da primavera, o céu azul, os infinitos da onda e perder-se no surpreso.
Mas voltar.
Para voar... no equilíbrio.
La más tenaz felicidad: el equilibrio.
Llevar la paz del tiempo.
Gozar el sabor dulce, la revolución de la felicidad.
Aprender en la tristeza el sonido del dolor: vivir.
Caminar sobre las aguas. Continuar en el frío, volviendo milagro el equilibrio.
Sentir la calidez de la primavera, el cielo azul, los infinitos de la ola y perderse en la sorpresa.
Pero volver.
Para volar... en el equilibrio.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Um caminho


Na minha Terra há um caminho que conduz Europa para ocidente, uma senda transitada quiçá para além da memória pelos povos que sonharam com um mundo diferente ao outro lado do mar. Chama-se Caminho de Santiago e propõe uma peregrinação longa e difícil, sem mais premio que o dos próprios passos, os pés danados, os ombros sobrecarregados pelo macuto, único haver do caminhante. Cada jornada é o conhecimento de um sacrifício e a incógnita de uma chegada; não há mais destino que o sonhado, nem mais senda que a presente e, porém não se acha um peregrino triste, egoísta ou resignado à derrota, porque o caminhante sabe que está só, mas também que transita em companhia, que pode baixar a cabeça e ver apenas a senda, mas que, se a erguer, achará olhares destemidos, que poderá procurar verdades nos olhos de cada peregrino.
Num mundo de competência, o Caminho de Santiago promete solidariedade; num mundo de mentiras, o Caminho de Santiago admite apenas a verdade de cada passo; num mundo de guerras, o Caminho é só paz; num mundo de cobardias, mostra o rumo frágil da própria humanidade reconhecida; num mundo de consumo, o Caminho empresta apenas o conteúdo de uma saca para sobreviver: num mundo de ódios, o Caminho outorga senda de amor... e quem um dia o vive, sabe-se, no seu foro interno, peregrino da vida, caminhante da república da esperança, porque o seu segredo é que não há chegada, nem desejo concedido a câmbio do sacrifício, as dificuldades vivem-se pelo mesmo desejo de se sentir e se achar, a companhia entrega-se pelo mesmo dom da solidariedade sentida e continua-se, simplesmente porque se aprende vida.

Alguém falou para mim da magia desta rota e esse brilho é conhecido por cada peregrino, mas não se trata de um poder esotérico, mas do mesmo poder da humildade, da comunhão com a Mãe Terra, com os pássaros e os galos de cada aurora, com as ervas e a lama, com a chuva e o sol do meio-dia: a magia está junto a nós, mas apenas quando nos desfazemos das couraças e sentimos a dor e o gozo dos passos com o nosso corpo ligeiro de equipagem podemos senti-la e desfruta-la, aprender, por exemplo, que trás uma encosta para acima, chegará outra para abaixo e que com o mesmo ânimo temos que empreender a subida, a baixada e o descanso, apreender que no Caminho há sendas doadas, mas que devemos seguir a que nos pertence e ter o valor de a rebuscar quando a perdemos. Apreendemos que os olhos abertos mostram mais, que a atenção é a beleza da vida, aprendemos que trás a mais dura jornada sob a chuva nos espera às vezes o mais intenso dos arco-íris, que as curvas nos impedem ver em ocasiões os objectivos, mas que, se seguimos caminhando, aqueles permanecerão e antes ou depois os alcançaremos; aprendemos que nalgum momento todos nos sentimos perdidos e que quem não experimenta essa sensação é simplesmente porque não caminha. Há neve às vezes no Caminho, mas o calor das nossas mãos pode derrete-la e os nossos passos marca-la com calidez de vida; viver e respirar quando sopra vento frio, porque algum pássaro persiste no seu canto. Atender o mais leve indício, como as pegadas superficiais ou fundas que mostram a senda na lameira e, simplesmente, recrear-se com as montanhas e as casas e as flores, com o riso de cada companheiro de caminho e o silêncio necessário em cada jornada... compartir, as botas que molestam nos pés a um peregrino podem ser a salvação para outro, o chão duro e frio, pode oferecer descanso se alguém nos dá a sua almofada para descansar a cabeça. No Caminho há rostos e vozes, experiências compartidas e auto-estima encontrada, reencontros com quem ficou atrás na jornada, ou com quem se adiantou e a medida do ser humano, construída em equilíbrio mostra que quem é o mais potente deve descansar num ponto e quem ficou atrás chegará com o seu ânimo até nós: não há super-homens, há pessoas, risos e alegrias, porque a tristeza é um poço escuro sem sendas possíveis. No Caminho de Santiago há descanso no cansaço, paz na dificuldade, vida na dor, solidariedade no encontro e fé, fundamentalmente, porque sem esperança não se poderia continuar desconhecendo o destino, mas também porque o futuro não é outro que o caminho próprio e partilhado e os nossos próprios passos merecedores, o equilíbrio de mundo externo e interno, o valor de sentir com a razão e pensar com o coração e agir com valentia e amar com cada esforço e com cada descanso, porquê, trás a seta amarela que marca os desvios podem-se perceber indícios, com a a erva crescida que, virgem de passos, marca a direcção errónea e as pegadas de cada bota que abrem experiências e quiçá, para além, o próprio odor das vivências e a mensagem do voo das aves. A magia do Caminho é, simplesmente, perder o medo a sentir a magia.
Cheguei... e apenas sei que não cheguei, que aprendi um bocadinho mais e comprovei que sei muito pouco, e, porém, respirei tanto e tão fundo! pedi apoio e moderam, senti a vulnerabilidade e a fé... e retomo agora as palavras do Caminho. A fé constrói-se ao caminhar, a paz com amor se cria e a senda tece-se em cada passo... se não se pisa... não há vereda nem rumo.




En mi Tierra hay un camino que conduce Europa hacia occidente, una senda transitada quizás desde más allá de la memoria por los pueblos que soñaron con un mundo diferente al otro lado del mar. Se llama Camino de Santiago y propone una peregrinación larga y difíc
il, sin más premio que el de los propios pasos, los pies dañados, los hombros sobrecargados por la mochila, único haber del caminante. Cada jornada es el conocimiento de un sacrificio y la incógnita de una llegada; no hay más destino que el soñado, ni más senda que la presente, y, sin embargo, no se halla un peregrino triste, egoísta o resignado a la derrota, porque el caminante sabe que está solo, pero también que transita en compañía, que puede bajar la cabeza y ver apenas la senda, pero que, si la levanta, encontrará miradas destemidas, que podrá buscar verdades en los ojos de En un mundo de competencia, el Camino de Santiago promete solidaridad; en un mundo de mentiras, el Camino de Santiago admite únicamente la verdad de cada paso; en un mundo de guerras, el Camino es solamente paz; en un mundo de cobardías, muestra el rumbo frágil de la propia humanidad reconocida; en un mundo de consumo, el Camino presta apenas el contenido de una mochila para sobrevivir: en un mundo de odios, el camino otorga senda de amor... y quien un día lo vive, se sabe, en su fuero interno, peregrino de la vida, caminante de la república de la esperanza, porque su secreto es que no hay llegada, ni deseo concedido a cambio del sacrificio, las dificultades se viven por el mismo anhelo de sentirse y encontrarse, la compañía se entrega por el mismo don de la solidaridad sentida y se continúa, simplemente porque se aprende vida.

Alguien me habló de la magia de esta ruta y ese brillo es conocido por cada peregrino, pero no se trata de un poder esotérico, sino del mismo poder de la humildad, de la comunión con la Madre Tierra, con los pájaros y los gallos de cada amanecer, con las hierbas y el barro, con la lluvia y el sol del mediodía; la magia está junto a nosotros, pero solamente cuando nos deshacemos de las corazas y sentimos el dolor y el gozo de los pasos con nuestro cuerpo ligero de equipajes podemos sentirla y disfrutarla, aprender, por ejemplo que tras una cuesta arriba, llegará una cuesta abajo y que con el mismo ánimo hemos de emprender la subida, la bajada y el descanso, aprender que en el camino hay sendas fáciles, pero que debemos seguir la que nos pertenece y tener el valor de rebuscarla cuando la perdemos. Aprendemos que los ojos abiertos muestran más, que la atención es la belleza de la vida; aprendemos que tras la más dura jornada bajo la lluvia nos espera a veces el más intenso de los arco iris, que las curvas nos impiden ver en ocasiones los objetivos, pero que, si seguimos caminando, aquellos permanecen y antes o después los alcanzaremos; aprendemos que en algún momento todos nos sentimos perdidos y que quien no experimenta esa sensación es simplemente porque no camina. Hay nieve a veces en el Camino, pero el calor de nuestras manos puede derretirla y nuestros pasos marcarla con calidez de vida; vivir y respirar cuando sopla viento frío, porque algún pájaro persiste en su canto. Atender el más leve indicio, como las huellas superficiales u hondas que muestran la senda en el humedal y, simplemente, recrearse con las montañas y las casas y las flores, con la risa de cada compañero de camino y el silencio necesario en cada jornada... compartir, las botas que molestan en los pies a un peregrino pueden ser la salvación para otro, el suelo duro y frío puede ofrecer descanso si alguien nos da su almohada para descansar la cabeza. En el camino hay rostros y voces, experiencias compartidas y autoestima encontrada, reencuentros con quien quedó atrás en la jornada, o con quien se adelantó y la medida del ser humano, construida en equilibrio muestra que quien es el más potente debe descansar en un punto y quien quedó atrás, llegará con su ánimo hasta nosotros: no hay superhombres, hay personas, risas y alegrías, porque la tristeza es un pozo oscuro sin sendas posibles. En el Camino de Santiago hay descanso en el cansancio, paz en la dificultad, vida en el dolor, solidaridad en el encuentro y fe, fundamentalmente, porque sin esperanza no se podría continuar desconociendo el destino, pero también porque el futuro no es otro que el camino propio y compartido y nuestros propios pasos merecedores, el equilibrio de mundo externo e interno, el valor de sentir con la razón y pensar con el corazón y actuar con valentía y amar con cada esfuerzo y con cada descanso, porque, tras la flecha amarilla que marca los desvíos se pueden percibir indicios, como la hierba crecida que, virgen de pasos, marca la dirección errónea y las huellas de cada bota que abren experiencias y quizás, más allá, el propio olor de las vivencias y el mensaje del vuelo de las aves. La magia del Camino es, simplemente, perder el miedo a sentir la magia.

Acabo de llegar... y solamente sé que no he llegado, que he aprendido un poco más y he comprobado que sé muy poco, y, sin embargo, ¡he respirado tanto y tan hondo!, he pedido apoyo y lo he dado, he sentido la vulnerabilidad y la fe... y retomo ahora las palabras del Camino. La fe se construye al caminar, la paz con amor se hace y la senda se teje en cada paso... si no se pisa... no hay vereda ni rumbo.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Saudade ou nostalgia?


A saudade é um sabor tenro de esperanças.
A nostalgia tem a estampa do passado numa fotografia do que não será.
Mas a nostalgia sabe-se que foi.
A saudade não se sabe se será.
La saudade es un sabor tierno de esperanzas.
La nostalgia tiene la estampa del pasado en una fotografia de lo que no será.
Pero la nostalgia se sabe que fue.
La saudade no se sabe si será

terça-feira, 25 de março de 2008

Infância e religião


Em tempos de discussão e véus, em tempos de simbologias confusas, entre o foi e o será, as procissões de Semana Santa, na Velha Europa: caducas imagens de cidadãos com o rosto oculto,que arrastam cadeias, que portam cruzes, que choram chuvas, que ferem pés ( e lembro A Regenta... lembro).Em meio, os meninos: a Verónica, o Samaritano, os pequenos confrades de passear rítmico ao som de tambores antigos.Lembro histórias: a minha mãe, que decidira sacar proveito do meu vestido de Primeira Comunhão e me passeava de procissão em procissão com o meu branco impoluto, ameaçado pelos círios dos rapazes que também tiravam lustre dos seus fatos de almirantes, marinheiros e jogavam a queimar meninas, com o lume religioso das primeiras chamadas da hormona.
Mas eu queria ser a Verónica. Aquelas roupas de cor, o pano que exibia o rosto do Cristo como uma pintura da escola, a maquilhagem no rosto, mas era por brincar... apenas brincar.
Depois descobri que podia brincar livre.Será que ainda brincam as crianças da procissão da Sexta-Feira Santa?
Será que ainda não podem brincar livres?
En tiempos de discusión y velos, en tiempos de simbologías confusas, entre el fue y el será, las procesiones de Semana Santa, en la Vieja Europa: caducas imágenes de ciudadanos con el rostro oculto, que arrastran cadenas, que portan cruces, que lloran lluvias, que hieren pies ( y recuerdo La Regenta... recuerdo).En medio, los niños: la Verónica, el Samaritano, los pequeños cofrades de pasear rítmico al sonido de tambores antiguos. Recuerdo historias: mi madre, que había decidido sacar provecho de mi vestido de Primera Comunión y me paseaba de procesión en procesión con mi blanco impoluto, amenazado por los círios de los niños que también sacaban lustre de sus trajes de almirantes, marineros y jugaban a quemar niñas, con el fuego religioso de las primeras llamadas de la hormona.
Pero yo quería ser la Verónica. Aquellas ropas de color, el paño que exhibía el rostro del Cristo como una pintura de la escuela, el maquillaje en el rostro, pero era por jugar... solamente por jugar.
Después descubrí que podía jugar libre.
¿Todavía jugarán los niños de la procesión de Viernes Santo?
¿Toavía no podrán jugar libres?

sexta-feira, 21 de março de 2008

Dominar

http://arvoredeperola.wordpress.com/2008/03/10/tibete/

As histórias da história têm sempre o mesmo argumento.
Depredação.
Dominar terras que não são nossas, que são da terra mesma.
Dominar homens que não são próprios, são da vida mesma.
Dominar vegetais, animais... e dize-los inferiores.
Dominar mulher, por dominar humanidade.
É a história do Tibete, mas é a história de cada lugar, de cada povo: o negro e o branco, o império e a colónia, o dono e o escravo, o rico e o pobre.
Assim se construi a humanidade, sem humanidade.

Mas nunca a água ficou estancada na montanha.
Las historias de la historia tienen siempre el mismo argumento.
Depredación.
Dominar tierras que no son nuestras, que son de la tierra misma.
Dominar hombres que no son propios, son de la vida mism.
Dominar vegetales, animales... y decirlos inferiores.
Dominar mujer, por dominar humanidad.
Es la historia del Tibet, pero es la historia de cada lugar, de cada pueblo: el negro y el blanco, el imperio y la colonia, el dueño y el esclavo, el rico y el pobre.
Así se construye la humanidad, sin humanidad.
Pero nunca quedó el agua estancada en la montaña.

terça-feira, 18 de março de 2008

Cor de Tibete


Em morte a revolta e o silêncio dos invisíveis.
As cores da flor que nasce em primavera. Da flor natural. Da flor artificial. A vida mesma.
No Tibete algo sucede em cores laranja e vermelha. Complexa história com todas as histórias de violência, de império. Complexa aprendizagem dos sentidos no desconhecido sentir do sentimento, esse que o budismo conhece.
O Dalai Lama fala de paz e a teia olímpica deixa morte na rebelião... mas é justa a paz sem rebelião? e é justa a rebelião sem paz?
En muerte la revuelta y el silencio de los invisibles.
Los colores de la flor que nace en primavera. De la flor natural. De la flor artificial. La vida misma.
En el Tibet algo sucede en los colores naranja y rojo. Compleja historia con todas las historias de violencia, de imperio. Complejo apredizaje de los sentidos en el desconocido sentir del sentimiento, ese que el budismo desconoce.
El Dalai Lama habla de paz y la antorcha olímpica deja muerte en la rebelión... pero ¿es justa la paz sin rebelión? y ¿es justa la rebelión sin paz?

domingo, 16 de março de 2008

Mulher


http://lelenalucas.blogspot.com/2008/03/o-jogo-quem-se-perdeu-mulher.html


Voltar mulher ao mundo.
Calma da tarde.
Ser mulher é sentar quando a verticalidade vence e a horizontalidade é lembrança. Sabe-se na entranha de ternuras e o mundo nasce na injustiça dos tempos.
Deixar a história sem história e calar a palavra ou renunciar à imagem. De Maria Balteira a George Sand, o escândalo é a porta de atrás para ser.
Nem todas podemos. Nem todas temos mais de uma vida para arrancar.
Mas ser mulher é ser algo mais da metade do mundo e ter a outra metade para criar.

Volver mujer al mundo.
Calma de la tarde.
Ser mujer es sentarse cuando la verticalidad vence y la horizontalidad es recuerdo. Se sabe en la entraña de ternuras y el mundo nace en la injusticia de los tiempos.
Dejar la historia sin historias es callar la palabra o renunciar a la imagen. De María Balteira a George Sand, el escándalo es la puerta de atrás para ser.
No todas podemos. Ni todas tenemos más de una vida para arrancar.
Pero ser mujer es ser algo más de la mitad del mundo y tener la otra mitad para crear.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Gaulchovang





http://meridiano75.blogspot.com/2008/01/poemas-del-libro-salmos-de-la-tierra.html

Primeiro estava o mar. Tudo estava escuro. Não havia sol, nem lua, nem gente, nem animais, nem plantas. Apenas o mar estava em toda a parte. O mar era a Mãe. Ela era água e água por toda a parte. E ela era rio, lagoa, quebrada, mar e assim ela estava em toda a parte. Assim, primeiro, apenas estava a Mãe. Chamava-se Gaulchovang. A Mãe não era gente, nem nada, nem coisa alguma. Ela era Aluna (o pensamento). Ela era espírito do que ia a vir, ela era pensamento e memória. Assim a Mãe existiu apenas em aluna no mundo mais baixo, na profundidade, soa.
(Ernesto Cardenal, Antologia da poesia primitiva)

E do mar nasceu a terra, e da ideia a mentira, e o espaço sólido procurou tempo, e a mentira procurou à palavra, e a palavra procurou a verdade e a verdade chamou-se poesia.
Nascer na noite, vampiros, para expandir o verso longo e poder sair à rua sem o relógio de areia, ser de água nos tempos primitivos, quando a Mãe tingia as mãos do sangue vermelho do seu ventre e criava vida.
Poder ser, na utopia de um mundo inexistente, e negar-se a ter na língua mentiras de infinitos, e sofrer nas mãos feridas de ternura, mas ser. Firmemente ser.
Fica apenas o oco da poesia, o oco do Vento mal ferido no espírito do Mamo. Fica apenas o possível ascenso à Serra Nevada de Santa Marta, à contemplação do mundo, à voz xamânica do ritmo original e o búzio sempre no coração.

Primero estaba el mar. Todo estaba oscuro. No había sol, ni luna, ni gente, ni animales, ni plantas. Sólo el mar estaba en todas partes. El mar era la Madre. Ella era agua y agua por todas partes. Y ella era río, laguna, quebrada, mar y así ella estaba en todas partes. Así, primero, sólo estaba la Madre. Se llamaba Gaulchovang. La Madre no era gente, ni nada, ni cosa alguna. Ella era Aluna [pensamiento o idea]. Ella era espíritu de lo que iba a venir y ella era pensamiento y memoria. Así la Madre existió sólo en aluna en el mundo más bajo, en la profundidad, sola. (Ernesto Cardenal, Antología de poesía primitiva)

Y del mar nació la tierra, y de la idea la mentira, y el espacio sólido buscó tiempo, y la mentira buscó la palabra, y la palabra buscó la verdad, y la verdad se llamó poesía.
Nacer en la noche, vampiros, para expandir el verso largo y poder salir a la calle sin el reloj de arena, ser de agua en los tiempos primitivos, cuando la Madre teñía las manos del sangre rojo de su vientre y creaba vida.
Poder ser, en la utopía de un mundo inexistente y negarse a tener en la lengua mentiras de infinitos, y sufrir en las manos heridas de ternura, pero ser. Firmemente ser.
Queda sólo el hueco de la poesí, el hueco del Viento malherido en el espíritu del Mamo. Queda apenas el posible ascenso a la Sierra Nevada de Santa Marta, la contemplación del mundo, la voz chamánica del ritmo original y la caracola siempre en el corazón.

ANEXOS:
Ao princípio era a Mãe: o mar. Depois vieram nove mundos: no primeiro estava a Mãe, a água e a noite. Depois chegou o tigre. No terceiro os vermes e no quarto chegaram duas Mães: Sáyagaueye-yumang y Disi-se-yuntaná, e um Pai, Sai-taná. No quinto mundo a Mãe Eukuáne-yumang partilhou com humanos sem ouvido, vista, nem nariz, mas que falaram da noite por vez primeira. No sexto mundo governaram a Mãe Búnkuanene-nulang e o pai Sai-chaká e nasceram os donos do mundo: os Bunkua-sé (Azul e Negro) com nove 9 Bunkua-sé; azuis os do lado esquerdo, negros os do direito. No sétimo mundo a Mae era Ahúnyiká, formou-se o sangue e nasceram mais vermes. No oitavo mundo de Kenyajé e o Pai Ahuínakatana nasceram os pais e outros donos do mundo, até trinta e seis. E no nono mundo apareceram os nove Bankuasé, os brancos . Então os pais do mundo encontraram uma árvore grande e no céu, sobre o mar e sobre a água construíram Alnáua, a casa de madeira.


MENSAJE ENTREGADO POR LOS MAMAS KOGUIS A LA ASOCIACION CHAMANICA PUEBLOS INDIGENAS
Y SU PARTICIPACION EN LAS RELACIONES NACIONALES E INTERNACIONALES
Nos alumbra un mismo sol Tu necesidad es mi necesidad, Ambos tenemos sed, ambos necesitamos techo, ambos tenemos hambre, acabemos con nuestros individualismos y pensemos en las necesidades del colectivo. TERRITORIO Y MEDIO AMBIENTE El territorio es un espacio designado por los padres espirituales desde antes de la existencia material del universo. Es el lugar donde están consagradas las leyes los principios espirituales que mantienen el equilibrio. El cumplimiento de estos mandatos y responsabilidades es lo que garantiza la preservación del orden natural. Este carácter simbólico del territorio justifica el derecho que tenemos los pueblos indígenas de mantener total autonomía sobre su manejo. Reservas, áreas protegidas y parques naturales han sido conservadas por nuestras comunidades, por lo tanto no deben superponerse a los territorios indígenas. Recuperar la libre determinación indígena sobre el territorio ancestral, el patrimonio arqueológico, los sitios sagrados y los espacios que representan tradición cultural incluyendo la superficie y el subsuelo, así como el aspecto aéreo es importante para mantener la cosmovisión de nuestro territorio. Cualquier decisión para la implementación o realización de programas y proyectos en estos territorios debe ser determinada por los pueblos indígenas. Instamos a los gobiernos y a otras entidades al reconocimiento de los derechos relacionados con los recursos naturales, la biodiversidad y el conocimiento tradicional asociado a estos, evitando la realización de acciones en territorios indígenas, sin la aprobación de las comunidades. ECOLOGIA: Hacemos un llamado urgente a los gobiernos y a todos los sectores del planeta a tomar acciones firmes en estos asuntos de emergencia, para no continuar con los modelos de producción de excedentes, y retornar a las leyes naturales de emplear solo los recursos necesarios para el mantenimiento de la especie humana. La humanidad necesita restablecer su relación original con las leyes de la Madre Naturaleza, por tal razón, considerando la Agenda 21 firmada en la convención de Río de Janeiro, como el documento más representativo actualmente para la preservación del medio ambiente, así como su carácter global, convocamos a la pronta aplicación directa de acciones efectivas. Reafirmamos que una causa de los problemas actuales del planeta es el enfoque del desarrollo científico y tecnológico como lo reconoce la Agenda 21. El desarrollo bajo la concepción indígena se basa en la ley de origen que señala como recibir los frutos de la Madre Tierra con una actitud de agradecimiento y no de explotación. Se hace urgente un cambio de actitud frente a este malentendido desarrollo, instamos a realizar un paro, un alto en el camino para reflexionar y tomar más sabias decisiones. Hacemos este llamado a la toma de conciencia de la humanidad, a gobernantes y científicos de todo el planeta, ya que nos encontramos en un momento critico y de decadencia donde a la humanidad le corresponde decidir por la vida o su extinción. Especialmente invitamos a la comunidad científica y a las multinacionales para trabajar en conjunto en la reformulación del modelo de desarrollo. Sin embargo queremos manifestar, según nuestra experiencia, la preocupación por el aprovechamiento económico del conocimiento tradicional. Por tal razón, solicitamos que el respeto a nuestros pueblos se evidencie en la ausencia del uso de nuestra cultura y tradición con fines mercantilistas. Nuestra permanencia en le planeta no debe ser empleada para satisfacer intereses comerciales o particulares. En este sentido, es importante garantizar la protección, denuncia y control de las violaciones asociadas con las patentes y marcas sobre nuestro conocimiento, objetos sagrados, símbolos, nombres y recursos biogenéticos. NUESTRA LEY DE ORIGEN DICTA COMO PRINCIPIO QUE CADA ELEMENTO DE LA NATURALEZA TIENE SU PADRE O MADRE RESPONSABLE, POR LO TANTO NADIE PUEDE SER SU DUEÑO. Para continuar nuestros trabajos en la conservación del medio ambiente y en la reparación de los ecosistemas afectados, se hace necesario fortalecer nuestros pueblos con recursos y condiciones que faciliten la organización y la recuperación de nuestros territorios ancestrales, especialmente los lugares sagrados y los llamados sitios arqueológicos. Por ejemplo, en Guatemala existen aproximadamente 68.480 lugares sagrados ocupados hoy día por construcciones y en Colombia TEYUNA -mal llamada Ciudad Perdida- es un sitio sagrado de importancia, hoy día dedicado a la explotación turística. Permítanos hombre blanco, exigirles el cumplimiento de su propia ley de origen: la tabla de Moisés. Terminen el espíritu de dominio sobre las demás naciones y disminuyan la explotación de la naturaleza. Todo lo que fue dejado por nuestros padres es para generar vida, mientras que los inventos del hombre son solo para facilitar nuestras actividades o incluso para dominar, subyugar y acabar. Esta es la razón para pedirles que reflexionen sobre los resultados de la invención de las grandes maquinas, ya que nos damos cuenta que han destruido la tierra, el aire, el agua, y la vida del mismo ser humano. Así, se nos ha imposibilitado restablecer el curso natural de los fenómenos de la naturaleza y nos estamos viendo condenados a vivir en el mundo del sufrimiento y la desesperación. EDUCACION: La educación debe ser una herramienta para enseñar a los seres humanos los principios y responsabilidades en función del mantenimiento del orden natural. Es indispensable para la sobrevivencia cambiar el sistema actual focalizado en lo material, que genera valores éticos contrarios a la ley de origen. La visión mediatista desvirtúa la verdadera función y responsabilidad de la humanidad frente al mantenimiento y el equilibrio del mundo. Pedimos que el sistema educativo reforme la sabiduría ancestral acorde con la ley de origen, para que el hermano blanco reduzca significativamente los avances científicos y tecnológicos que degradan a la Madre Tierra y se inicie la transmisión y el fortalecimiento de los principios espirituales fundamentales para el respeto y cuidado de la Madre Naturaleza, y la construcción de nuevas formas de desarrollo y convivencia armónica. AUTODETERMINACION Invitamos a los organismos internacionales y a todos los gobiernos del mundo a la valoración de nuestro conocimiento tradicional y nuestro sistema de convivencia, a la conservación del derecho territorial y, a la ejecución de nuestras formas de administración, uso y conservación de los recursos naturales y la biodiversidad. Fortalecer la participación de los pueblos indígenas en la agenda mundial para la toma de grandes decisiones del planeta, a través de un organismo representativo de carácter internacional conformado por autoridades indígenas tradicionales, cuyo funcionamiento esté basado en la ley de origen, como medio de interlocución ante los organismos bilaterales y multilaterales. Participar en la Agenda 21, a través de este organismo, el cual debe fortalecer a las comunidades locales y a la unidad de los pueblos indígenas. Sus representantes deben ser designados por las autoridades tradicionales. Para facilitar el cumplimiento de la autodeterminación solicitamos a las naciones unidas, dentro del contexto de la Década Internacional de los Pueblos Indígenas del mundo, difundir a nivel mundial el mensaje sagrado de la ley de origen enviado por nuestras autoridades tradicionales. PAZ: "Arrancaron nuestras hojas, Quitaron nuestras ramas, Cortaron nuestro tronco, Pero no pudieron tocar nuestra raíz, Y desde allí retoña nuestra fuerza." Nosotros los pueblos indígenas a partir de nuestra existencia milenaria, contribuimos al tema de la paz en Colombia con el convencimiento de que la Paz no puede existir sin la ley original, la convivencia pacífica de los diferentes sectores de la sociedad colombiana depende directamente del concepto de habitar en comunidad bajo normas de vida sostenible. Es urgente trabajar por una paz, no solamente escrita en acuerdos sino real nacida de un nuevo estado de conciencia sobre la vida, que no solo se manifieste entre los seres humanos, sino también en nuestra relación con la naturaleza, porque de lo contrario habrá paz entre los seres humanos pero no habrá sobrevivientes. Para nosotros la paz no significa simplemente la ausencia de guerra, la paz es una forma de actuar, saber, crear, escuchar, pensar, hablar y vivir en armonía con la naturaleza y sus leyes. La paz viene de nuestro interior que solo puede experimentarse por la capacidad del corazón para permanecer abierto, sereno y libre de miedo. Cada persona proyecta en el mundo la paz o la discordia que tiene en su interior. No podemos crear la paz en el mundo si estamos espiritualmente por conflictos internos, odios, dudas, ira o miedos. Que se levanten...que se levanten todos, ni un grupo ni dos se queden atrás de los demás porque somos hermanos como los dedos de la mano. Que amanezca, que llegue la aurora, que todos los pueblos tengan Paz y sean felices. Ya es hora que se termine la obra. Que toquen mis melodías grandes, Que toquen mis melodías pequeñas Que suelten a mis danzantes, Que sean libres mis prisioneros, Son mis valles, son mis montañas. Nosotros los indígenas reunidos en UMUNUKUNU (Sierra Nevada de Santa Marta), nos declaramos guardianes de la paz de todos nuestros territorios; y aunque tenemos lenguas, cosmovisión, practicas culturales y espirituales diversas, nos une la ley de origen.
Asociación Chamánica y Ecológica de Colombia. Personería Jurídica 1388

quinta-feira, 13 de março de 2008

Ser sufi




http://olevantadordeminas.blogaliza.org/2007/01/18/a-noite-acesa-de-bahaudin-majruh-ii-por-jose-antonio-lozano/



Majruh, sufi, homem.

Ser homem de amor não é fácil nos tempos que correm, nem nos tempos que correram desde as mais infinitas lembranças.
Quiçá procurar amor é o destino humano desde a época na que o grandioso Zeus partiu àqueles seres esféricos em duas metades, quiçá Platão confundiu o nome de Zeus com o dos próprios indivíduos.
Mas Majruh procurava amor no interior, achegou-se à rota dos sufis, saiu da cidade para o deserto, mas o deserto estava nos cárceres, nos campos de refugiados, na morte mesma e era o deserto da palavra, o deserto do amor, o deserto da revolta sem revolta interior. Não era possível naquele Afeganistão do século XX, é menos possível no Afeganistão do século XXI.
O deserto mais árido está no coração. Por isso, se coração ainda se parte: nasce a fonte do amor. Se o amor ainda importa: nasce a árvore da esperança. Se a esperança tem olhos: o sufi tem caminhos.
Majruh, desde o longe das místicas ocultas, desde a poesia dos caminhos esperados, desde a fonte do amor entre as rochas mais duras... o teu verbo chega e levanta minas, com José António Loçano...


Ser hombre de amor no es fácil nos tiempos que corren, ni en los tiempos que corrieron desde los más infinitas recuerdos.
Quizás buscar amor es el destino humano desde la época en la que el grandioso Zeus partió a aquellos seres esféricos en dos mitades, quizás Platón confundió el nombre de Zeus con el de los proprios individuos.
Pero Majruh buscaba amor en el interior, se acercó a la ruta de los sufis, salió de la ciudad hacia el desierto, pero el desierto estaba en las cárceles, en los campos de refugiados, en la muerte misma y era el desierto de la palabra, el desierto del amor, el desierto de la revuelta sin revuelta interior. No era posible en aquel Afganistán del siglo XX, y menos posible en el Afganistán del siglo XXI.
El desierto más árido está en el corazón. Por eso, si el corazón todavía se parte: nace la fuente del amor. Si el amor aún importa: nace el árbol de la esperanza. Si la esperanza tiene ojos: el sufi tiene caminos.
Majruh, desde el lejos de las místicas ocultas, desde la poesia de los caminos esperados, desde la fuente del amor entre las rocas más duras... tu verbo llega y levanta minas, con José António Loçano...

quarta-feira, 12 de março de 2008

Literaturas







Se é mar, sabor salgado, odor a iodo.
Se é terra textura escura tenra, flor de água.
Criar com papilas gustativas no tacto da caneta e estender palavras aos quatro pontos cardinais. A literatura é sentido, comunicação, verdade e cântico sempre do ritmo, porta ao infinito das memórias.
A palavra entregada é possível... A festa das palavras livres!
Há histórias em cada rosto e em cada pena. Escreve-las é semeá-las fora do hipermercado que comercia imposições de plástico, é a aposta do verbo. Procurar, para além daquele desfile, a comunhão fractal com o universo através do texto. Evocar os silêncios e pintar personagens na pessoa dos mundos novos, poros de tinta, ser de letra.
Si es mar, sabor salado, olor a yodo.
Si es tierra textura oscura tierna, flor de agua.
Crear con papilas gustativas en el tacto de la pluma y extender palabras a los cuatro puntos cardinales. La literatura es sentido, comunicación, verdad y cántico siempre del ritmo, puerta al infinito de las memorias.
La palabra entregada es posible... La fiesta de las palabras libres!
Hay historias en cada rostro y en cada peña. Escribirlas es sembrarlas fuera del hipermercado que comercia imposiciones de plástico, es la apuesta del verbo. Buscar, más allá de aquel desfile, la comunión fractal con el universo a través del texto. Evocar los silencios y pintar personajes en la persona de los mundos nuevos, poros de tinta, ser de letra.

Histórias das estórias


http://soantes.blogspot.com/2008/03/palavras-com-estrias-acabar.html

Hhakab
El-aqabe
Acabar

Da minha terra ao sul moraram povos que não terminaram, mas concluiram a fonte de sentir, de saber e de mesturar. Pode ser que acabar tenha un ar de kábala e de kaaba e de cabeça à fronte.
Como poderiamos voltar a uma mística de espíritos sem que nos contem de uma guerra de conquistas e de reconquistas nesta Península perdida em ilhas diversas?
Unir mundo na viagem interminável.
Contam que uma vez houve uma longa história de amor com ecos orientais, com ecos occidentais. Contam que não acabou ainda e que uma cantiga com palavras romances e ecos afroasiáticos chega de algum lugar do fim de um mundo que recomeça e contam que se curva o início e acaba no ventre da mulher que leva o filho do possível... para o tempo que não acaba, desde o hhakab que predica, até o el-aqabe que inícia um outro fim de ciclos.
E foi possível?... poder acabar com as guerras de tempos com uma palavra: hhakab, el-aqabe, acabar... as dores.



De mi tierra al sur vivieron pueblos que no terminaron, aunque concluyerosn la fuente de sentir, de saber y de mezclar. Puede ser que acabar tenga un aire de kábala y de kaaba y de cabeza al frente.

¿Cómo podríamos volver a una mística de espíritus sin que nos cuenten de una guerra de conquistas y reconquistas en esta Peníssula perdida en islas diversas?

Unir mundo en el viaje interminable.

Cuentan que una vez hubo una larga historia de amor con ecos orientales, con ecos occidentales.

Cuentan que no acabó todavía y que una canción con palabras romances y ecos afroasiáticos llega de algún lugar del fin de un mundo que recomienza y cuentan que se curva el inicio y acaba en el vientre de la mujer que lleva el hijo de lo posible... hacia el tiempo que no acaba, desde el hhakab que predica, hasta el al-aqabe que inicia otro fin de ciclos.

¿Y fue posible?... poder acabar con las guerras de tiempos en una palabra: hhakab, el-aqabe, acabar... dolores.

terça-feira, 11 de março de 2008

NORTE/S


http://fogonazos.blogspot.com/2006/09/paisaje-con-familia-que-corre_14.html




E quando correm os tempos e a terra corre?


Lembro aquele comboio da infância que nos levava cada verão ao mar. Um curto percurso que suponha a viagem ao fim do mundo e o odor a sal. Sentava perto da janela e calava. Olhava tudo a correr fora do vagão: as árvores, as casas, as igrejas... Apenas as estações ficavam paradas.


Na Califórnia corriam os sinais e os carros e o mundo parava na vorágine do Norte.

O mundo ficava detido para além do rio, onde o Sul existe.

As famílias do sul corriam e na corrida jogavam a esperança. A vida mesma era a medalha sonhada na USA predicada, o mundo do glamour, onde ninguém tinha fome e todos se tornavam lourinhos.


Havia que advertir aos motoristas, fundamentalmente por uma questão de elegância, com sinais amarelos que evitassem o vermelho na carroçaria e as moléstias consequentes.


Agora aqueles sinais de tráfico são a história, mas as estradas desenham-se em presente a um e outro lado das fronteiras.

Há que correr. Atrás vem a fome.

Apenas as estações param e todas estão ao Norte... muito ao Norte.





¿Y cuándo corren los tiempos y la tierra corre?


Recuerdo aquel tren de la infancia que nos llevaba cada verano al mar. Un corto recorrido que suponía el viaje al fin del mundo y el olor a sal. Me sentaba junto a la ventana y callaba. Miraba todo lo que corría fuera del vagón: los árboles, las casas, las iglesias... Solamente las estaciones se detenían.



En California corrían las señales y los automóviles, y el mundo se paraba en la vorágine del Norte. El mundo quedaba detenido más allá del río, donde el Sur existe.

Las familias del Sur corrían y en la carrera se jugaban la esperanza.La vida misma era la medalla soñada en la USA predicada, el mundo del glamour, donde nadie pasaba hambre y todos se volvían rubiecitos.

Había que advertir a los conductores, fundamentalmente por una cuestión de elegancia, con señales amarillas que evitasen el rojo en el capó y las consecuentes molestias.

Ahora aquellas señales de tráfico son la historia, pero las carreras se trazan en presente a uno y otro lado de las fronteras.

Hay que correr: detrás viene el hambre.

Solamente las estaciones se detienen... y todas están al Norte, muy al Norte.