terça-feira, 8 de abril de 2008

Equilíbrio


A mais tenaz felicidade: o equilíbrio.
Levar a paz do tempo.
Gozar o sabor doce, a revolução da felicidade.
Apreender na tristeza o som da dor: viver.
Caminhar sobre as águas. Continuar no frio, tornando milagre o equilíbrio.
Sentir a calidez da primavera, o céu azul, os infinitos da onda e perder-se no surpreso.
Mas voltar.
Para voar... no equilíbrio.
La más tenaz felicidad: el equilibrio.
Llevar la paz del tiempo.
Gozar el sabor dulce, la revolución de la felicidad.
Aprender en la tristeza el sonido del dolor: vivir.
Caminar sobre las aguas. Continuar en el frío, volviendo milagro el equilibrio.
Sentir la calidez de la primavera, el cielo azul, los infinitos de la ola y perderse en la sorpresa.
Pero volver.
Para volar... en el equilibrio.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Um caminho


Na minha Terra há um caminho que conduz Europa para ocidente, uma senda transitada quiçá para além da memória pelos povos que sonharam com um mundo diferente ao outro lado do mar. Chama-se Caminho de Santiago e propõe uma peregrinação longa e difícil, sem mais premio que o dos próprios passos, os pés danados, os ombros sobrecarregados pelo macuto, único haver do caminhante. Cada jornada é o conhecimento de um sacrifício e a incógnita de uma chegada; não há mais destino que o sonhado, nem mais senda que a presente e, porém não se acha um peregrino triste, egoísta ou resignado à derrota, porque o caminhante sabe que está só, mas também que transita em companhia, que pode baixar a cabeça e ver apenas a senda, mas que, se a erguer, achará olhares destemidos, que poderá procurar verdades nos olhos de cada peregrino.
Num mundo de competência, o Caminho de Santiago promete solidariedade; num mundo de mentiras, o Caminho de Santiago admite apenas a verdade de cada passo; num mundo de guerras, o Caminho é só paz; num mundo de cobardias, mostra o rumo frágil da própria humanidade reconhecida; num mundo de consumo, o Caminho empresta apenas o conteúdo de uma saca para sobreviver: num mundo de ódios, o Caminho outorga senda de amor... e quem um dia o vive, sabe-se, no seu foro interno, peregrino da vida, caminhante da república da esperança, porque o seu segredo é que não há chegada, nem desejo concedido a câmbio do sacrifício, as dificuldades vivem-se pelo mesmo desejo de se sentir e se achar, a companhia entrega-se pelo mesmo dom da solidariedade sentida e continua-se, simplesmente porque se aprende vida.

Alguém falou para mim da magia desta rota e esse brilho é conhecido por cada peregrino, mas não se trata de um poder esotérico, mas do mesmo poder da humildade, da comunhão com a Mãe Terra, com os pássaros e os galos de cada aurora, com as ervas e a lama, com a chuva e o sol do meio-dia: a magia está junto a nós, mas apenas quando nos desfazemos das couraças e sentimos a dor e o gozo dos passos com o nosso corpo ligeiro de equipagem podemos senti-la e desfruta-la, aprender, por exemplo, que trás uma encosta para acima, chegará outra para abaixo e que com o mesmo ânimo temos que empreender a subida, a baixada e o descanso, apreender que no Caminho há sendas doadas, mas que devemos seguir a que nos pertence e ter o valor de a rebuscar quando a perdemos. Apreendemos que os olhos abertos mostram mais, que a atenção é a beleza da vida, aprendemos que trás a mais dura jornada sob a chuva nos espera às vezes o mais intenso dos arco-íris, que as curvas nos impedem ver em ocasiões os objectivos, mas que, se seguimos caminhando, aqueles permanecerão e antes ou depois os alcançaremos; aprendemos que nalgum momento todos nos sentimos perdidos e que quem não experimenta essa sensação é simplesmente porque não caminha. Há neve às vezes no Caminho, mas o calor das nossas mãos pode derrete-la e os nossos passos marca-la com calidez de vida; viver e respirar quando sopra vento frio, porque algum pássaro persiste no seu canto. Atender o mais leve indício, como as pegadas superficiais ou fundas que mostram a senda na lameira e, simplesmente, recrear-se com as montanhas e as casas e as flores, com o riso de cada companheiro de caminho e o silêncio necessário em cada jornada... compartir, as botas que molestam nos pés a um peregrino podem ser a salvação para outro, o chão duro e frio, pode oferecer descanso se alguém nos dá a sua almofada para descansar a cabeça. No Caminho há rostos e vozes, experiências compartidas e auto-estima encontrada, reencontros com quem ficou atrás na jornada, ou com quem se adiantou e a medida do ser humano, construída em equilíbrio mostra que quem é o mais potente deve descansar num ponto e quem ficou atrás chegará com o seu ânimo até nós: não há super-homens, há pessoas, risos e alegrias, porque a tristeza é um poço escuro sem sendas possíveis. No Caminho de Santiago há descanso no cansaço, paz na dificuldade, vida na dor, solidariedade no encontro e fé, fundamentalmente, porque sem esperança não se poderia continuar desconhecendo o destino, mas também porque o futuro não é outro que o caminho próprio e partilhado e os nossos próprios passos merecedores, o equilíbrio de mundo externo e interno, o valor de sentir com a razão e pensar com o coração e agir com valentia e amar com cada esforço e com cada descanso, porquê, trás a seta amarela que marca os desvios podem-se perceber indícios, com a a erva crescida que, virgem de passos, marca a direcção errónea e as pegadas de cada bota que abrem experiências e quiçá, para além, o próprio odor das vivências e a mensagem do voo das aves. A magia do Caminho é, simplesmente, perder o medo a sentir a magia.
Cheguei... e apenas sei que não cheguei, que aprendi um bocadinho mais e comprovei que sei muito pouco, e, porém, respirei tanto e tão fundo! pedi apoio e moderam, senti a vulnerabilidade e a fé... e retomo agora as palavras do Caminho. A fé constrói-se ao caminhar, a paz com amor se cria e a senda tece-se em cada passo... se não se pisa... não há vereda nem rumo.




En mi Tierra hay un camino que conduce Europa hacia occidente, una senda transitada quizás desde más allá de la memoria por los pueblos que soñaron con un mundo diferente al otro lado del mar. Se llama Camino de Santiago y propone una peregrinación larga y difíc
il, sin más premio que el de los propios pasos, los pies dañados, los hombros sobrecargados por la mochila, único haber del caminante. Cada jornada es el conocimiento de un sacrificio y la incógnita de una llegada; no hay más destino que el soñado, ni más senda que la presente, y, sin embargo, no se halla un peregrino triste, egoísta o resignado a la derrota, porque el caminante sabe que está solo, pero también que transita en compañía, que puede bajar la cabeza y ver apenas la senda, pero que, si la levanta, encontrará miradas destemidas, que podrá buscar verdades en los ojos de En un mundo de competencia, el Camino de Santiago promete solidaridad; en un mundo de mentiras, el Camino de Santiago admite únicamente la verdad de cada paso; en un mundo de guerras, el Camino es solamente paz; en un mundo de cobardías, muestra el rumbo frágil de la propia humanidad reconocida; en un mundo de consumo, el Camino presta apenas el contenido de una mochila para sobrevivir: en un mundo de odios, el camino otorga senda de amor... y quien un día lo vive, se sabe, en su fuero interno, peregrino de la vida, caminante de la república de la esperanza, porque su secreto es que no hay llegada, ni deseo concedido a cambio del sacrificio, las dificultades se viven por el mismo anhelo de sentirse y encontrarse, la compañía se entrega por el mismo don de la solidaridad sentida y se continúa, simplemente porque se aprende vida.

Alguien me habló de la magia de esta ruta y ese brillo es conocido por cada peregrino, pero no se trata de un poder esotérico, sino del mismo poder de la humildad, de la comunión con la Madre Tierra, con los pájaros y los gallos de cada amanecer, con las hierbas y el barro, con la lluvia y el sol del mediodía; la magia está junto a nosotros, pero solamente cuando nos deshacemos de las corazas y sentimos el dolor y el gozo de los pasos con nuestro cuerpo ligero de equipajes podemos sentirla y disfrutarla, aprender, por ejemplo que tras una cuesta arriba, llegará una cuesta abajo y que con el mismo ánimo hemos de emprender la subida, la bajada y el descanso, aprender que en el camino hay sendas fáciles, pero que debemos seguir la que nos pertenece y tener el valor de rebuscarla cuando la perdemos. Aprendemos que los ojos abiertos muestran más, que la atención es la belleza de la vida; aprendemos que tras la más dura jornada bajo la lluvia nos espera a veces el más intenso de los arco iris, que las curvas nos impiden ver en ocasiones los objetivos, pero que, si seguimos caminando, aquellos permanecen y antes o después los alcanzaremos; aprendemos que en algún momento todos nos sentimos perdidos y que quien no experimenta esa sensación es simplemente porque no camina. Hay nieve a veces en el Camino, pero el calor de nuestras manos puede derretirla y nuestros pasos marcarla con calidez de vida; vivir y respirar cuando sopla viento frío, porque algún pájaro persiste en su canto. Atender el más leve indicio, como las huellas superficiales u hondas que muestran la senda en el humedal y, simplemente, recrearse con las montañas y las casas y las flores, con la risa de cada compañero de camino y el silencio necesario en cada jornada... compartir, las botas que molestan en los pies a un peregrino pueden ser la salvación para otro, el suelo duro y frío puede ofrecer descanso si alguien nos da su almohada para descansar la cabeza. En el camino hay rostros y voces, experiencias compartidas y autoestima encontrada, reencuentros con quien quedó atrás en la jornada, o con quien se adelantó y la medida del ser humano, construida en equilibrio muestra que quien es el más potente debe descansar en un punto y quien quedó atrás, llegará con su ánimo hasta nosotros: no hay superhombres, hay personas, risas y alegrías, porque la tristeza es un pozo oscuro sin sendas posibles. En el Camino de Santiago hay descanso en el cansancio, paz en la dificultad, vida en el dolor, solidaridad en el encuentro y fe, fundamentalmente, porque sin esperanza no se podría continuar desconociendo el destino, pero también porque el futuro no es otro que el camino propio y compartido y nuestros propios pasos merecedores, el equilibrio de mundo externo e interno, el valor de sentir con la razón y pensar con el corazón y actuar con valentía y amar con cada esfuerzo y con cada descanso, porque, tras la flecha amarilla que marca los desvíos se pueden percibir indicios, como la hierba crecida que, virgen de pasos, marca la dirección errónea y las huellas de cada bota que abren experiencias y quizás, más allá, el propio olor de las vivencias y el mensaje del vuelo de las aves. La magia del Camino es, simplemente, perder el miedo a sentir la magia.

Acabo de llegar... y solamente sé que no he llegado, que he aprendido un poco más y he comprobado que sé muy poco, y, sin embargo, ¡he respirado tanto y tan hondo!, he pedido apoyo y lo he dado, he sentido la vulnerabilidad y la fe... y retomo ahora las palabras del Camino. La fe se construye al caminar, la paz con amor se hace y la senda se teje en cada paso... si no se pisa... no hay vereda ni rumbo.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Saudade ou nostalgia?


A saudade é um sabor tenro de esperanças.
A nostalgia tem a estampa do passado numa fotografia do que não será.
Mas a nostalgia sabe-se que foi.
A saudade não se sabe se será.
La saudade es un sabor tierno de esperanzas.
La nostalgia tiene la estampa del pasado en una fotografia de lo que no será.
Pero la nostalgia se sabe que fue.
La saudade no se sabe si será

terça-feira, 25 de março de 2008

Infância e religião


Em tempos de discussão e véus, em tempos de simbologias confusas, entre o foi e o será, as procissões de Semana Santa, na Velha Europa: caducas imagens de cidadãos com o rosto oculto,que arrastam cadeias, que portam cruzes, que choram chuvas, que ferem pés ( e lembro A Regenta... lembro).Em meio, os meninos: a Verónica, o Samaritano, os pequenos confrades de passear rítmico ao som de tambores antigos.Lembro histórias: a minha mãe, que decidira sacar proveito do meu vestido de Primeira Comunhão e me passeava de procissão em procissão com o meu branco impoluto, ameaçado pelos círios dos rapazes que também tiravam lustre dos seus fatos de almirantes, marinheiros e jogavam a queimar meninas, com o lume religioso das primeiras chamadas da hormona.
Mas eu queria ser a Verónica. Aquelas roupas de cor, o pano que exibia o rosto do Cristo como uma pintura da escola, a maquilhagem no rosto, mas era por brincar... apenas brincar.
Depois descobri que podia brincar livre.Será que ainda brincam as crianças da procissão da Sexta-Feira Santa?
Será que ainda não podem brincar livres?
En tiempos de discusión y velos, en tiempos de simbologías confusas, entre el fue y el será, las procesiones de Semana Santa, en la Vieja Europa: caducas imágenes de ciudadanos con el rostro oculto, que arrastran cadenas, que portan cruces, que lloran lluvias, que hieren pies ( y recuerdo La Regenta... recuerdo).En medio, los niños: la Verónica, el Samaritano, los pequeños cofrades de pasear rítmico al sonido de tambores antiguos. Recuerdo historias: mi madre, que había decidido sacar provecho de mi vestido de Primera Comunión y me paseaba de procesión en procesión con mi blanco impoluto, amenazado por los círios de los niños que también sacaban lustre de sus trajes de almirantes, marineros y jugaban a quemar niñas, con el fuego religioso de las primeras llamadas de la hormona.
Pero yo quería ser la Verónica. Aquellas ropas de color, el paño que exhibía el rostro del Cristo como una pintura de la escuela, el maquillaje en el rostro, pero era por jugar... solamente por jugar.
Después descubrí que podía jugar libre.
¿Todavía jugarán los niños de la procesión de Viernes Santo?
¿Toavía no podrán jugar libres?

sexta-feira, 21 de março de 2008

Dominar

http://arvoredeperola.wordpress.com/2008/03/10/tibete/

As histórias da história têm sempre o mesmo argumento.
Depredação.
Dominar terras que não são nossas, que são da terra mesma.
Dominar homens que não são próprios, são da vida mesma.
Dominar vegetais, animais... e dize-los inferiores.
Dominar mulher, por dominar humanidade.
É a história do Tibete, mas é a história de cada lugar, de cada povo: o negro e o branco, o império e a colónia, o dono e o escravo, o rico e o pobre.
Assim se construi a humanidade, sem humanidade.

Mas nunca a água ficou estancada na montanha.
Las historias de la historia tienen siempre el mismo argumento.
Depredación.
Dominar tierras que no son nuestras, que son de la tierra misma.
Dominar hombres que no son propios, son de la vida mism.
Dominar vegetales, animales... y decirlos inferiores.
Dominar mujer, por dominar humanidad.
Es la historia del Tibet, pero es la historia de cada lugar, de cada pueblo: el negro y el blanco, el imperio y la colonia, el dueño y el esclavo, el rico y el pobre.
Así se construye la humanidad, sin humanidad.
Pero nunca quedó el agua estancada en la montaña.

terça-feira, 18 de março de 2008

Cor de Tibete


Em morte a revolta e o silêncio dos invisíveis.
As cores da flor que nasce em primavera. Da flor natural. Da flor artificial. A vida mesma.
No Tibete algo sucede em cores laranja e vermelha. Complexa história com todas as histórias de violência, de império. Complexa aprendizagem dos sentidos no desconhecido sentir do sentimento, esse que o budismo conhece.
O Dalai Lama fala de paz e a teia olímpica deixa morte na rebelião... mas é justa a paz sem rebelião? e é justa a rebelião sem paz?
En muerte la revuelta y el silencio de los invisibles.
Los colores de la flor que nace en primavera. De la flor natural. De la flor artificial. La vida misma.
En el Tibet algo sucede en los colores naranja y rojo. Compleja historia con todas las historias de violencia, de imperio. Complejo apredizaje de los sentidos en el desconocido sentir del sentimiento, ese que el budismo desconoce.
El Dalai Lama habla de paz y la antorcha olímpica deja muerte en la rebelión... pero ¿es justa la paz sin rebelión? y ¿es justa la rebelión sin paz?

domingo, 16 de março de 2008

Mulher


http://lelenalucas.blogspot.com/2008/03/o-jogo-quem-se-perdeu-mulher.html


Voltar mulher ao mundo.
Calma da tarde.
Ser mulher é sentar quando a verticalidade vence e a horizontalidade é lembrança. Sabe-se na entranha de ternuras e o mundo nasce na injustiça dos tempos.
Deixar a história sem história e calar a palavra ou renunciar à imagem. De Maria Balteira a George Sand, o escândalo é a porta de atrás para ser.
Nem todas podemos. Nem todas temos mais de uma vida para arrancar.
Mas ser mulher é ser algo mais da metade do mundo e ter a outra metade para criar.

Volver mujer al mundo.
Calma de la tarde.
Ser mujer es sentarse cuando la verticalidad vence y la horizontalidad es recuerdo. Se sabe en la entraña de ternuras y el mundo nace en la injusticia de los tiempos.
Dejar la historia sin historias es callar la palabra o renunciar a la imagen. De María Balteira a George Sand, el escándalo es la puerta de atrás para ser.
No todas podemos. Ni todas tenemos más de una vida para arrancar.
Pero ser mujer es ser algo más de la mitad del mundo y tener la otra mitad para crear.